259.º ENCONTRO
Seleção de Maria José Areal
São muitos os fantasmas.
Vozes e rumores tão persistentes,
Encontrando leito fecundo dentro de mim
Espaço sedutor, cama lavada
Almofada de cetim.
Incomodam, desajustam-me
Já não sou eu.
Perseguição injusta.
Não possuo força nem valentia
Para correr com eles
Despojá-los das frestas e fendas
Que me desenham.
Sempre me soube nessa luta pela liberdade,
Sempre gizei um caminho de luz,
Sempre solicitei ao universo
O voo insuspeito na folha branca
Estrada de luz.
E são tantos os fantasmas!
Tomam-me como refém
E deixo de ser eu.
Mas será que sou mesmo eu
Esse ser que luta e esbraceja
Ou albergue de quem os não aceite e quer?
Reiteradamente, rejeito-os.
Não sou sua dona nem escrava,
Não lhes dedico ponta de afecto
Cansa-me a sua constante companhia.
Queria subir ao alto de um monte,
Descer ao sopé de uma colina,
Mergulhar no mar,
Correr até à linha do horizonte
E poisar numa ilha deserta
Onde só eu pudesse pernoitar.
Utopia? Que o seja.
Desde que não escutasse as suas vozes,
Nem tocassem no meu cabelo…
(Inédito) Maria José Areal

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