LEITURAS DE LAURINDA ALVES XXI
AS MENINAS É QUE SABEM
228.º ENCONTRO
AS MENINAS É QUE SABEM
Desde que vou regularmente ao Porto, habituei-me a almoçar sumptuosamente em 15 minutos num restaurante mesmo em frente da estação de comboios de Vila Nova de Gaia. Digo sumptuosamente porque é disso que se trata. O sítio de que falo – embora tenha uma aparência banal e esteja entalado entre uma confeitaria e um armazém abandonado (ou coisa parecida) – é, provavelmente, uma das melhores cozinhas caseiras que se pode encontrar fora do circuito comercial destes guias turísticos que nos dizem aonde devemos ir e o que havemos de comer. Tanto quanto sei, este não tem estrelas Michelin nem referências especiais nos ditos guias, mas posso garantir que é a melhor surpresa gastronómica que me aconteceu nos últimos tempos. Pela qualidade da comida, pela rapidez do serviço e pela excelência do atendimento a quem chega sempre com pouco tempo e muito medo de perder o comboio que passa antes das duas da tarde. É que como eu há muitos que ali param para almoçar cheios de malas e de pressas.
…
Na sala do restaurante há calor, conversas trocadas no ar, alguns olhares cruzados, muitas gargalhadas francas e ditos familiares que revelam a mistura indizível da intimidade de uma clientela de todos os dias. Como se almoçássemos todos na cozinha da casa grande de uma avó ou na copa de parentes muito próximos.
Sempre pergunto à entrada se há mesa, o senhor do balcão responde educadamente: “as meninas é que sabem!” As meninas tratam-se e são tratadas pelo nome próprio, têm ares de província, são alegres e eficientes, e uma delas tem idade para ser minha mãe.
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LAURINDA ALVES – “Coisas da vida: Histórias de pessoas e lugares com luz” – As meninas é que sabem. Págs.67,68 – 2009, ed. Oficina do Livro, Sociedade Editorial, Lda.
Selecção de Maria José Areal
Desde que vou regularmente ao Porto, habituei-me a almoçar sumptuosamente em 15 minutos num restaurante mesmo em frente da estação de comboios de Vila Nova de Gaia. Digo sumptuosamente porque é disso que se trata. O sítio de que falo – embora tenha uma aparência banal e esteja entalado entre uma confeitaria e um armazém abandonado (ou coisa parecida) – é, provavelmente, uma das melhores cozinhas caseiras que se pode encontrar fora do circuito comercial destes guias turísticos que nos dizem aonde devemos ir e o que havemos de comer. Tanto quanto sei, este não tem estrelas Michelin nem referências especiais nos ditos guias, mas posso garantir que é a melhor surpresa gastronómica que me aconteceu nos últimos tempos. Pela qualidade da comida, pela rapidez do serviço e pela excelência do atendimento a quem chega sempre com pouco tempo e muito medo de perder o comboio que passa antes das duas da tarde. É que como eu há muitos que ali param para almoçar cheios de malas e de pressas.
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Na sala do restaurante há calor, conversas trocadas no ar, alguns olhares cruzados, muitas gargalhadas francas e ditos familiares que revelam a mistura indizível da intimidade de uma clientela de todos os dias. Como se almoçássemos todos na cozinha da casa grande de uma avó ou na copa de parentes muito próximos.
Sempre pergunto à entrada se há mesa, o senhor do balcão responde educadamente: “as meninas é que sabem!” As meninas tratam-se e são tratadas pelo nome próprio, têm ares de província, são alegres e eficientes, e uma delas tem idade para ser minha mãe.
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LAURINDA ALVES – “Coisas da vida: Histórias de pessoas e lugares com luz” – As meninas é que sabem. Págs.67,68 – 2009, ed. Oficina do Livro, Sociedade Editorial, Lda.
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