Chá com Letras Online: NÓS E OS OUTROS -LEITURAS DE LAURINDA ALVES XIX

LEITURAS DE LAURINDA ALVES XIX

NÓS E OS OUTROS

226.º ENCONTRO
Selecção de Maria José Areal


NÓS E OS OUTROS
NO TEMPO EM QUE OS ANIMAIS FALAVAM – 3
Transformar um grilo falante em voz de consciência, uma bela raposa em poeta-filósofo, ou um pato em tio avarento parece bizarro, mas funciona. Secretamente, todos sabemos como pode ser eficaz e, até, catártico.
Os teóricos da psicologia falam de um conjunto de emoções humanas fundamentais, universais e inatas. Embora não exista um consenso quanto ao número exacto de emoções primordiais, sabemos que algumas são comuns a todas as pessoas. Talvez isso explique a clássica tentação para as pessoas se personificarem em animais. E justifique o nosso fascínio pelo mundo deles.
Emprestar sentimentos aos animais, dotá-los de emoções profundas ou subtis é uma arte remota e serve para projectar neles as nossas próprias emoções. Muitas vezes ajuda-nos a resolver conflitos internos e a decifrar enigmas que mos parecem indecifráveis. E a sossegar a consciência.
A distância e a presunção de superioridade que temos em relação aos animais permite-nos avaliar as situações com outros recuo e poder.
Atrai-nos a maneira como se relacionam uns com os outros, a sua capacidade de sobrevivência, a forma como lidam com a adversidade e o instinto maternal e de protecção que revelam. Este fascínio pelas emoções dos animais, aliás, justifica os inúmeros programas e séries de televisão sobre a vida animal e sustenta um negócio multimédia, próspero e sofisticado, concebido para captar e reproduzir todos os instantes e circunstâncias do seu mundo.
LAURINDA ALVES – NÓS E OS OUTROS – “No tempo em que os animais falavam.” -Cap.3 págs.205,206– 2003/2018, ed. Clube do Autor. S. A.




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