LEITURAS DE IRENE LISBOA IV
183.º ENCONTRO
Selecção de Maria José Areal
Estarei como os velhos?
Acordada, sentia o tempo pesar sobre mim, avançar.
Somos uns náufragos! Náufragos perdidos no tempo e até na cama. Uns despojos, desamparados de tudo e de todos.
Mas tive um pequeno sonho, antes ou depois da minha insónia, muito curioso. Sonhei que tinha água no meu tinteiro, em vez de tinta. Água! Do resto do sonho não me lembro bem.
Foi um triste sonho simbólico… porque com água é que afinal se escreve. Tiramos a cor a tudo que connosco se passa, reduzindo-o a escrita. Descaracterizamo-lo!
OBRAS de Irene Lisboa – Volume II Solidão, págs., 87,88 – 4.ª edição – 1992 Editorial Presença
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