Chá com Letras Online: Mãe - LEITURAS DE MIGUEL TORGA XXXIII



LEITURAS DE MIGUEL TORGA XXXIII
124.º ENCONTRO
Selecção de Maria José Areal


Mãe

Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Miguel Torga, in 'Diário IV'


Registamos nesta publicação algumas imagens da visita à Casa- Museu Miguel Torga, em S. Martinho de Anta, Sabrosa, Vila Real. Casa onde Nasceu (1907-1995)
"A casa nativa. O retiro sagrado da memória. A eternidade paralizada" Dário XIII
Nesta ação de extensão cultural, a nossa Comunidade de Leitores visitou ainda a exposição do Espaço Miguel Torga, a alguns metros da casa-Museu, terminando o programa cultural em Chaves, no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, com uma visita guiada pelo curador Óscar Faria da exposição "Um certo não sei quê - escultura e pintura na coleção de Rui Victorino"

Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso: https://pt.wikipedia.org/.../Museu_de_Arte_Contempor%C3...









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