LEITURAS DE PEDRO HOMEM DE MELLO
111º ENCONTRO
Selecção de Maria José Areal
Há quem diga como quem canta e quem canta como quem diz.
NOSTALGIA
Tinha saudades do fato
De hora a hora, roto e sujo,
A que esse andar de marujo
Uma imagem com desenho
Descrição gerada automaticamenteDava jeitos de retrato.
De certo modo grosseiros
E bruscos, tinha saudade
E daqueles companheiros
Rudes, maus, mas verdadeiros
Como a sua mocidade.
Saudades do tempo incerto
Sem livros, sem oficina.
Em que o mundo era uma esquina
Hoje longe, amanhã perto…
Daquela música triste
Que só da sombra nos chama…
Existe a paixão? Existe.
E há leitos de urze e de lama…
Olhos vítreos de cansaço?
Mão pesada? Negras unhas?
Mas que paz naquele abraço,
Noite alta, sem testemunhas!
PEDRO HOMEM DE MELLO, “e ninguém me conhecia” – poemas escolhidos e apresentados por, Manuel Alegre, Paulo Sucena com ilustrações de José Rodrigues – pág. 65, 2004 - colecção: Poiesis
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