Chá com Letras Online: Quem me quiser há de saber- LEITURAS DE ROSA LOBATO DE FARIA III



LEITURAS DE ROSA LOBATO DE FARIA III
77.º ENCONTRO
Selecção de Maria José Areal


Quem me quiser há de saber

Quem me quiser há de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar,
Quem me quiser há de saber as ondas
E a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há de saber das fontes
A laranjeira em flor, a cor do feno,
A saudade lilás que há nos poentes
O cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há de saber da chuva
Que põe colares de pérolas nos ombros,
Há de saber e os beijos e as uvas
Há de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há de saber os medos
Que passam nos abismos infinitos
A nudez clamorosa dos meus dedos
O salmo perfeito dos meus gritos.
Quem me quiser há de saber
Em que sou turbilhão a espuma subitamente
ou então não saber coisa nenhuma
E embalar-me ao peito, simplesmente.
Rosa Lobato Faria, in “Dispersos”
Conheço esse sentimento
Conheço esse sentimento
Que é como a cerejeira
Quando está carregada de frutos:
Excessivo peso para os ramos da alma.
Conheço esse sentimento
Que é o da orla da praia
Lambida pela espuma da maré:
Quando o mar se retira
as conchas são pequenas saudades
que doem no coração da areia.
Conheço esse sentimento
Que é o dos cabelos do salgueiro
Revoltos pelas mãos ágeis da tempestade
Na hora quieta do amanhecer
Pende-lhes tristemente os braços
Vazios do amado corpo do vento.
Conheço esse sentimento
Que passa nos teus olhos e nos meus
Quando de mãos dadas
Ouvimos o Requiem de Mozart
Ou visitamos a nave de Alcobaça.
Pedro e Inês
A praia e a maré
O salgueiro e o vento
A verdade e o sonho
O amor e a morte
O pó das cerejas
Tu
E eu.
Rosa Lobato faria, in “Dispersos”*
Quem me quiser há de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar,
Quem me quiser há de saber as ondas
E a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há de saber das fontes
A laranjeira em flor, a cor do feno,
A saudade lilás que há nos poentes
O cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há de saber da chuva
Que põe colares de pérolas nos ombros,
Há de saber e os beijos e as uvas
Há de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há de saber os medos
Que passam nos abismos infinitos
A nudez clamorosa dos meus dedos
O salmo perfeito dos meus gritos.
Quem me quiser há de saber
Em que sou turbilhão a espuma subitamente
ou então não saber coisa nenhuma
E embalar-me ao peito, simplesmente.
Rosa Lobato Faria, in “Dispersos”
Conheço esse sentimento
Conheço esse sentimento
Que é como a cerejeira
Quando está carregada de frutos:
Excessivo peso para os ramos da alma.
Conheço esse sentimento
Que é o da orla da praia
Lambida pela espuma da maré:
Quando o mar se retira
as conchas são pequenas saudades
que doem no coração da areia.
Conheço esse sentimento
Que é o dos cabelos do salgueiro
Revoltos pelas mãos ágeis da tempestade
Na hora quieta do amanhecer
Pende-lhes tristemente os braços
Vazios do amado corpo do vento.
Conheço esse sentimento
Que passa nos teus olhos e nos meus
Quando de mãos dadas
Ouvimos o Requiem de Mozart
Ou visitamos a nave de Alcobaça.
Pedro e Inês
A praia e a maré
O salgueiro e o vento
A verdade e o sonho
O amor e a morte
O pó das cerejas
Tu
E eu.
Rosa Lobato faria, in “Dispersos”*


Pode acompanhar e participar nas leituras publicadas semanalmente no grupo Comunidade de Leitores: Chá com Letras na página do facebook da Biblioteca Municipal de Vila Nova de Cerveira.

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