As TIC na Biblioteca - O Pirilampo Mágico

“O Pirilampo Mágico”
(Maria João Carvalho)

A Matilde era um amenina que vivia com a sua avó, uma velhinha já muito velhinha, tão velhinha que, com o peso de tantos anos feitos de aventuras e desventuras, de alegrias e dissabores e de muitas graças e outras tantas desgraças, as suas frágeis costas foram cedendo acabando por ficar curvadinhas quase até ao chão.
E os olhos da pobre senhora, sempre baixos, não mais podiam admirar o esplendor do céu infinito.
Que grande desgosto!...
E todos os dias a avó perguntava à Matilde:
- Querida netinha, como está hoje o meu querido céu? Da cor do azul do mar, num dia de Verão, azul-acizentado ou com o tom acastanhado que às vezes pede emprestado ás folhas arrancadas das árvores à força, pelas ventanias do Outono?
E Matilde olhava para o céu imenso com muita atenção e descrevia à avó o que via, tintim por tintim.
Até que um dia a Matilde pensou:
- Quem me dera ter uma ideia que fizesse com que a minha avozinha pudesse voltar a olhar para o céu.
E foi naquele mesmo instantinho que algo de muito estranho aconteceu. A Matilde ouviu um Plim! E logo a seguir outro Plim! E, da manga do seu vestido às riscas, surgiu um pequeno e muito curioso ser. Era redondinho e tinha uma penugem fofinha através da qual espreitavam dois grandes e arregalados olhos derretidos de ternura. E tinha também uma cómica antena que, no cocuruto da sua cabecinha, dançava divertida ao ritmo dos movimentos do pequeno “duende”.
- Quem és tu? – perguntou Matilde, um pouco a medo, que o caso não era para menos.
- Eu sou o Pirilampo Mágico – respondeu animado o visitante. – Então tu não sabes que quando alguém precisa muito de ter uma ideia deve chamar o seu Pirilampo protector, para que este lhe acenda a chama mágica da imaginação e se soltem as lembranças? Eu sou u fazedor de boas ideias e gosto muito de ajudar.
A Matilde, encantada com o seu novo amigo e, curiosa como era, quis saber mais.
- Então, como é que nós vamos conseguir que a minha avozinha consiga voltar a olhar para o céu?
O Pirilampo piscou os olhos três vezes, sacudiu a antena outras três vezes, deu três saltinhos e, finalmente, contou até três.
Ouviram-se mais três Plim, Plim, Plim! E a magia voltou a acontecer: da outra manga do vestido da Matilde, sem que esta tivesse percebido muito bem como, surgiu, imaginem, um espelho. E na moldura do espelho estavam pintados vinte e dois minúsculos pirilampozinhos que, a Matilde a todos garantiu, faziam acender e apagar vinte e duas pequeníssimas luzinhas, que transformavam aquele espelho no mais colorido, brilhante e reluzente de todos os espelhos que a Matilde jamais vira.
- Este é o espelho dos Pirilampos Mágicos e com ele a tua avozinha vai poder voltar a ver o céu – disse o Pirilampo – Agora, só tens de pensar mais um pouco e descobrir como o poderás utilizar. E, com uma reviravolta um tudo nada desengonçada, desapareceu sem deixar rasto.
A Matilde, um pouco atordoada com tão estranhos acontecimentos, resolveu ir pedir ajuda ao seu amigo Tomás, que vivia na casa ao lado.
- Tomás, vem cá! Preciso de ti para termos uma ideia luminosa que faça com que este espelho permita que a minha avó volte a poder olhar para o céu – chamou ela.
Os dois meninos sentaram-se na relva do jardim e, olhando para o espelho dos pirilampos, o Tomás disse:
_Gostava tanto de me lembrar de alguma coisa muito importante para podermos ajudar a tua avó…
E então por muito estranho que possa parecer, voltou a acontecer… Plim! Plim! Da moldura do espelho soltou-se um dos pirilampozinhos, que, com um grande salto, duas cambalhotas e uma careta marota aterrou ligeiro na relva macia.
- Pois cá estou eu, o teu pirilampo protector, pronto para te ajudar a teres uma grande, fantástica e mirabolante ideia…
O Tomás, muito contente, bateu palmas e disse:
- Viva! Viva! Que divertido que isto é! Vamos chamar a Maria, que gosta muito de se distrair. Ela também vai querer brincar aos pirilampos. E a Matilde e o Tomás foram buscar a Maria, que não conseguia andar, correr e brincar como os outros meninos.
A Maria ouviu a história mágica dos pirilampos que ofereciam ideias e, de repente, disse:
-Já sei! Já sei o que vamos fazer!
Plim! Plim! Com esta lembrança da Maria, surgiu, como por encanto, espreitando sorridente, de dentro da sua sandália, mais um travesso pirilampo.
- Aqui estou eu, a boa ideia da Maria – anunciou, bem – disposto. E foi assim que, todos juntos, conversaram sobre a solução mágica que iria tornar mais felizes os dias da avó Matilde. E decidiram o que iriam fazer. Foram buscar a velha poltrona, onde a velhinha costumava dormitar a seguir ao almoço, e levaram-na para o jardim. Com todos os cuidados, ajudaram a avozinha a sentar-se, muito confortável e regalada, e, por fim, pousaram o espelho mágico na relva, bem juntinho aos seus pés. E, quando a avó olhou para o espelho, o milagre aconteceu. Os Pirilampos da moldura reluzente brilharam como nunca e a avó viu reflectido um mar de céu e um azul intenso pincelado com uma ou outra nuvem de algodão enfeitada com raios de sol dourados. E a avozinha viu também as andorinhas que passavam apressadas e decididas, as borboletas que rodopiavam coloridas embaladas pela brisa, e até um avião que lá bem alto mais parecia um gavião ou falcão.
E a avó da Matilde sorriu, feliz como há muito tempo não se sentia, e disse:
- Tive uma ideia! Meninos, sentem-se aqui ao pé de mim que eu vou contar-vos uma história que aconteceu no reino das nuvens, numa noite de trovoada.
E, surpresa!
Plim! Plim!
De debaixo do seu xaile saltaram dois coloridos Pirilampos, que exclamaram entusiasmados:
- Também queremos ouvir!

Amélia Caldas - 7 Anos



Sara Fernandes - 9 anos



Manuel Pereira - 7 anos


Francisco Venade - 7 anos





Sérgio Samuel Sequeiros - 9 anos



Patricia Valente - 7 anos





Francisco Ferreira - 7 anos



João Montero - 7 anos


Guilherme Conde - 6 anos


Mafalda Conde - 10 anos




Marta Canossa - 7 anos

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