Chá com Letras Online: DIVAGAÇOES SOBRE LITERATURA -LEITURAS DE IRENE LISBOA XVII




LEITURAS DE IRENE LISBOA XVII
205.º ENCONTRO
Selecção de Maria José Areal



DIVAGAÇOES SOBRE LITERATURA
Independentemente da minha opinião, que é forçosamente subjectiva e não deve afinar com a de ilhares de leitores, noto o essencial destes romances: têm uma construção feita. Um excesso mesmo de construção; nada é fortuito, vem a chamamento sempre, por necessidade.
São romances; outro nome lhes não posso dar
Aqui está afinal, o que é um romance, perfeito ou imperfeito: uma construção literária, saída voluntariamente de uma cabeça.
A Baum cansa, a Kerr interessa. Mas se nos quisermos libertar um pouco do sortilégio temos de reconhecer, que para além do seu teatro, do que espiritualmente nos oferecem, está sempre o ilusionista, está a mão que que puxou os cordelinhos aos robertos…
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Como eu andava indecisa sobre a extensão para palavra romance, as leituras em questão (The beautifull woman, de Sophia Kerr¸ Futuras Vedetas de Baum) serviram-me. E fizeram-me sobretudo pensar em duas das suas molas reais: objectividade e psicologia.
O primeiro dos livros que citei é muito falado, e também cheio de descrições rápidas e oportunas. O assunto materializa-se, não fica retido em desejos e pensamentos. A sua base está realmente na sua objectividade, na acção e nos sentimentos de curso patente.
No segundo livro, a psicologia, cosntitui o assunto do drama.
Na verdade… o que de compõe com uma ilusão de realidade, para distrair o leitor! Para o conquistar…
E ele morde sempre a isca.
Irene Lisboa, FOLHAS SOLTAS DA SEARA NOVA (1929-1955) – excerto de “Férias no campo”, pág. 349, Biblioteca de Autores Portugueses, Junho de 1983

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