Chá com Letras Online: ATÉ AMANHÃ -LEITURAS DE EUGÉNIO DE ANDRADE II

 


LEITURAS DE EUGÉNIO DE ANDRADE II
168.º ENCONTRO
1923-2005 Centenário de nascimento
Selecção de Maria José Areal

TEMPO DE FÉRIAS

ATÉ AMANHÃ
Sei agora como nasceu a alegria,
Como nasce o vento entre os barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumo de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade, POESIA – “ATÉ AMANHÔ, págs. 74, 75 – 2000, Fundação Eugénio de Andrade





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