Poemas de Natal 26

Poemas de Natal 26

Paisagem com trenó e neve ao fundo
Pela encosta, sobranceira
Ao riacho a que caiu,
Sobe a pé, que trabalheira,
Pensando que ninguém viu,
O Pai-Natal, envergonhado,
Por voltar, sem saquitéis,
À Lapónia, onde é esperado,
Só pelo Dia de Reis.
Com o trenó em pantanas,
Como chegar a Belém
De saco às costas, o tanas!
Não há prendas p’ra ninguém,
A não ser que Ali-Babá
E os quarenta lapões
Decidam correr p’ra lá
Em vez dele e dos anões.
Já quanto às renas, não sei
O melhor é deixá-las ir
À vida, por ordem do rei,
Que se vai fartar de rir,
Quando chegar ao Pólo Norte,
Com a tralha empacotada,
Dizendo que não teve sorte,
Mesmo co’ a perna engessada.
Virgílio Alberto Vieira

In Presépio Esquimó e outros poemas
Edição Crescente Branco, 2015
Ilustração: Anabela Cotrim



Comentários